Uploaded with ImageShack.us

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Caraminholas

Meu coração se escondeu
num canto dentro meu peito
pra lá chorar, deixa,
que ele só quer desaguar,
porque hoje estou triste.

gostaria de riscar, esconjurar
esse dia. Junto a essas caraminholas
filhas do diabo. Que se queimem 
todas!

Deixa que hoje 
eu queria profundamente chorar,
porque estou muito triste.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Cata-vento




Ainda me mudo,
Este ano, ainda
Me mudo, ainda
Que chovendo, ainda
Este ano, ainda
Que chovendo.

Ainda para o vento, ainda,
Ainda para o tempo, ainda,
Ainda para o leste, ainda,
Ainda para o oeste, ainda.

Ainda me inundo,
Este ano, ainda
Me inundo, ainda
Me invento, ainda
Este ano, ainda
Me invento.

Ainda que avoado, ainda,
Ainda que alado, ainda,
Ainda que nascido, ainda,
Ainda que crescido, ainda.

Ainda me mudo,
Este ano, ainda
Me mudo.

                                             Lucas Macedo

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O Pedido



 Passando por um desses jardins plantados
 no coração, encontrei uma preciosidade,
uma flor amarela, única, rodeada por umas plantas
 um pouco menos importantes,
mas essa flor única me chamou a atenção,
e eu queria cuidar dela
protegê-la de alguma forma,
mas não era assim tão simples
pois ela precisaria de todo cuidado
não poderia ser tratada com tesouras,
 nem facas, mas com amor
...enfim, uma tarefa nada simples.
Pensei! Como posso colher essa flor?
e colocá-la num lugar de destaque nesse jardim???
Percebi que isso não era possível
pois ela já era destaque, já sobressaia,
 já era Princesa, Rainha, Cinderela, Flor,
 ela já era o jardim.
Pensei de novo!
Ah! É preciso pedi-la, ou melhor, conquistá-la
Hum!!... Já sei! Dizer!
É preciso dizer! Expressar!
E esses ventos do coração diziam: coragem homem, coragem!

                                                             Lucas Macedo

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Estrela de Marte


Estava em um daqueles dias em que
costumo me deitar e ficar olhando pro céu.
Na verdade estava em um daqueles dias
em que costumo passear pelas ruas de Órion,
e nessa época do ano é muito povoado por lá
e se não fosse aqueles cães de guarda eu até
me arriscaria a ir mais longe, mas do pouco
que conheço, me satisfaço. Acho até que não
conheço pouco! Tenho dois amigos, irmãos,
gêmeos, eles cuidam de um touro gigante...
Desde então eu vivo por essas ruas e se
pudesse morava logo lá, porque encontrei
uma estrela. Ah! Uma estrela forjada nas
flores. Disse isso porque não achei melhor
forma para defini-la e desde que a descobri
procuro uma forma para expressá-la.
Os gêmeos me disseram que ela chegou lá
pouco antes de mim e como ninguém a
conhecia eu poderia dar-lhe um nome...
Depois de tanto pensar, o mesmo nome que
a dei já era dela, cujo o nome era:
Estrela de Marte. 
                                                        Lucas Macedo

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Só, sorri




Andava pela rua com vontade de rir, andava sorrindo.
A mão ia ao rosto pra disfarçar... Mas não podia conter.
Na calçada um chute na pedra, um chute no ar,
um chute inquieto pro riso passar, mas não passou.
Disfarçar o riso, Pra que?
Caminhei até a parede para ali ficar quieto,
mas olhei pro céu. Aberto, repleto de estrelas...
Acabei por desapegar de mim e cantei.
O que posso fazer? Eu cantei.

                                                         Lucas Macedo

sábado, 11 de agosto de 2012

Ela

Ela é muito melhor do que eu.
Ela traz consigo um sorriso,
E um floreio nas mãos.
Eu por outro lado me esquivo
Inseguro de minhas mãos.
Ela é arrebatadora, dissimulada
Faz de mim simples verso.
Eu porém sou o inverso.
Faço dela poesia narrada.
Ela é persuasiva. Me mata,
Me puxa, me traga com seu olhar.
Eu tento abarcar sua sonata,
Deslumbro, vislumbro seu arfar.
Ela é linda e bela, é santa e fera,
Pintura, pintada, boneca bordada
                                        
                                       Lucas Macedo

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

As luzes


Gosto de olhar pro céu
Gosto de saber que poderei estar lá
Pois sim, é um grande mistério pra mim
Esse painel gigante enfeitado com luzes
Que se diferem em brilho e majestade
Ah! Como eu gosto de recostar
Minha cabeça no travesseiro e
Olhar pela janela quase como um quadro
Aceso pela luz de um abajur natural
Que pode ser novo, cheio ou minguante.
E quem poderá apagá-lo?
Olhar para as luzes é muito mais
Do que simplesmente admirá-las
É saber que Deus as colocou em seu lugar,
As estendeu e as sustenta
Ele as planejou desde o principio
É mais do que um mistério
As luzes apontaram o nascimento
De Cristo e ainda hoje posso vê-las
Pra sua glória posso vê-las

                                                           Lucas Macedo

sábado, 4 de agosto de 2012

Inspiração


Se o prêmio do suor é o trabalho
Me apegarei ao sufoco e a solidão
Da escrivaninha e minha ferramenta
Será a tinta que discorre, tinge, escorre.
Arranca-me do peito os despropósitos
Nada que é bom ou talvez digno de anotação.
E que valia me tem o tempo desperdiçado?
É só mais uma frase que me escapa aos dedos.
O parnasiano bem sabe tanto rebusca,
Refuta, reluta por seu texto sem sentido.
Ora! Sem sentido! É sentimento
Lapidado, forjado, suado enfim.
                                               Lucas Macedo

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Eros


Havia tanto em querer
Do fruto doce a cica,
Do gosto sumo que fica
Aflora e faz arder

E era tudo tão intenso
Que não havia sentido
Mas tudo era sentido
Como e tão imenso

E tudo se foi à medida
Que você se distraiu
Pecadora quando me viu

Deixei-te por vagar
Sem rumo e devagar
Assim morreu desiludida

sábado, 12 de maio de 2012

Ela veste vermelho



Mais doce é o teu tom vermelho
Imponente, envolvente se desfez do espelho.
Assim é o teu amor apaixonado
E dele estou abastecido, enamorado.
De tudo me aparto quando a vejo
Do mundo me distraio. Dê-me um beijo
Doce como sei que há de ser
O fim de tarde quando o sol vai se esconder
Vermelho.

                                                        Lucas Macedo

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Rapsódia

Quanto há de ilusão?
Quanto há no coração
Abastado em se iludir?
Miserável esqueceu de si

Descobriu algo mais amargo
Do que a própria morte
Desarmado lhe bateram forte
Seu apreço lhe causou estrago

Descompassado e sem brio
Doído abraço do vento é frio
Paga de seu inconsequente amor
Enterrado com honrarias de dor

E este seu opróbrio lhe esmoreceu
Como canto triste de ouvir
Escárnio da sorte quis lhe recair
Insensível castigo pois que mereceu


                                                     Lucas Macedo

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Morte vil

Apagaram a luz.
Mataram todos os poetas,
Fecharam todas as portas

Gritei! É tão frio aqui
Olhei, mas não consegui ver.
Chorei, sem ninguém perceber.

O silêncio entre mim e ti
É tão terrível desventura
Parece contemplar cruel tortura

O aqui é tão denso e absorto
E seu descaso me escurece
Arranca-me de mim e fere

Mataram a luz.
Fecharam todos os poetas,
Apagaram todas as portas

Olhei, é tão frio aqui
Chorei, mas não consegui ver.
Gritei! Sem ninguém perceber.

                                                 Lucas Macedo

sábado, 31 de março de 2012

Esquadros

Como o girassol gira o mundo por aí
Eu vou andando como viajante sem destino   
Vendo tudo com os olhos de um menino
Talvez um dia eu volte a sorrir                                                            

Na parede um velho quadro de teatro gira     
Outra vez uma cena foi escrita a pincel
Riscando a cortina azul estampada ao céu     
Com movimentos e facetas de um artista

Com olhos de quem assiste a um show no palco
As tomadas me tomam pra dentro do ato
E eu corro pra encontrar meu eterno descanso

E nesse musical eu faço parte e canto
Redescobrindo a arte afinal de conto
São só historias de cadeiras de balanço 

                                                      Lucas Macedo 


sexta-feira, 30 de março de 2012

Sem lar


Correu, fugiu!
Só queria sair de Lá
Menina não chore mais
Por ser assim

Correu, fingiu!
Ser alguém que não tinha dor
Se perdeu e não quis a flor
Que trouxera do seu quintal

Porque partiu,
Como quem ia se encontrar?
Mas seus olhos verdes do mar
Viraram ressaca

E quem não viu
Já não sabe se vai voltar
Decidiu ver o sol pra saber
Dormiu sem lar

Correu, fugiu,
Fingiu saber
Se viu
Não decidiu chorar
Pegou a flor partiu

E antes que houvesse fim
Findou-se o olhar

                                                  Lucas macedo

sexta-feira, 23 de março de 2012

sou

A minha maior imperícia
É não te dizer que amo-te
Inimigo de mim mesmo
Se quando te encontro escondo-me

Te sinto, sentindo-me despedaçar
Pelo vento que voa te tendo nos braços
Embaraço! Hesito em arriscar
E se me calo, não é por não querer falar.

Ora! Não digo que me fazes vivo,
Pois toda minha vida vivo a sofrer de ti
E se na morte não houver abrigo?
Suplico que não me deixes morrer de ti

És tudo na vida o que tenho
E és nada além do abstrato
És tudo que em mim começou
E és nada além do que sou

                                       Lucas Macedo 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Adeus

Adeus, adeus! Disse-me apenas para reter-me a vida
E arremessá-la nas cinzas das horas vazias que viriam.
Mas entre o adeus e a partida instalou-se em meu coração
Uma chama, que me acendeu o desejo e a esperança.
Suas mãos a segurar-me fixando o tempo que nos restava
Seus olhos a enganar minha futura solidão
Seus olhos bebendo meus sonhos
Sua boca fortuita a roubar-me a respiração
E depois: adeus!
As mãos ainda grudadas sem um limite de pele
Adeus, adeus! Sem querer despedir-se de mim
Adeus, adeus! Amando-me mais
Adeus enfim para matar-me a saudade de nós
Adeus, adeus!  A rosa de nossas horas cravou-me
Um espinho no peito, para lembrar-me no sangue
a cor de nosso amor.
Adeus!                                             por Thamires Fassura

quinta-feira, 8 de março de 2012

Boneca de pano

Sorriu, disse que não seria eu
Mas quem pode contar de ti
Sem dizer do sorriso teu
Que o vento trouxe a mim

Sou sincera no que faço e espero
Com gosto o olhar no seu rosto
Corrente nas linhas do que te foi posto
Pra ver o seu gesto mais mero

Menina se corre onde vai parar?
Boneca de pano sabe brincar
De ser gentil

Dos seus olhos eu me disponho
Abre o livro vou te escrever de seu sonho
Como que não dormiu
        
                                           .   Lucas Macedo 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Teatro circense

Fiz da minha cabeça teatro circense
Desvaneci da minha própria mente
Domei as bambas cordas
Equilibrei-me nos ferozes leões
E morri, de rir de mim mesmo
Desmontei minha tenda e fui às ruas
Dar sorrisos grátis, dar abraços grátis
Tirei da minha cartola a alegria
Fiz desaparecer a tristeza de quem sentia
O contorcionismo das lagrimas derramadas
Em cada esquina acendi luzes
‘malabariando’ seus sorrisos no caminho
De volta pra casa

                                                                           .    Lucas Macedo 

Formas sem moldes

A máquina escava
Retorce o céu
Esmaga as nuvens de terra
E esconde a poça com
Cascalhos de meteoritos
Nada mais depois da máquina
O papel se esquece da árvore
Torna-se indústria de letras
Desapego familiar
Da tinta perdida num
Espaço em branco
E aqui não cesso de criar
Formas sem moldes
Para a máquina
Destruir este meu pedaço de chão.

                              Thamires Fassura

Encontro da libélula


Ainda que eu venha lhes contar
A mais singela história
Ainda que não tenha glória
Que seja simplória
Não é Menos notória do que os contos de amor
Pois agonizante é não poder tocar a quem ama
A dor voraz inflama o pobre coração enfermo
Ludibriado por tantas vezes sonhar
Desencantado por não tentar
Ora! Ainda resta o fosco olhar da libélula
Esvoaçante quis se declarar
Afogou-se na maré de luz do seu olhar
Encontrou-se pode enfim acordar
Matou-se por tanto amar
                                
                                   .  Lucas Macedo